segunda-feira, 22 de agosto de 2016

O FOLCLORE


Dra. Taniamá Vieira da Silva Barreto

A reflexão de hoje, 22 de agosto é ...

Nosso lugar e nosso povo são demarcados e identificados pelos atos culturais: Folclore.

Folclore, o que é?

Simples Cultura?

- Não! Folclore é cultura.

É tradição das manifestações populares de um povo, representadas pelas lendas, mitos, provérbios, danças e costumes, que vitalizam nossa identidade cultural.

A simplicidade, então, está na grandeza do significado das simples práticas das grandes marcas históricas dos talentos da Cultura de um povo.

A Cultura?

- É representada pela marca da arte, do conhecimento, das crenças, da lei, da moral, dos costumes, ou seja, do complexo representativo da sociedade.

O Folclore é a ação histórica de um povo.

Vamos abrir nossas portas para a história da nossa sociedade, no sentido de entendermos os valores do povo brasileiro.

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

DISCURSO DE APRESENTAÇÃO DO IMORTAL JOÃO SABINO DE MOURA




DISCURSO DE APRESENTAÇÃO DO IMORTAL JOÃO SABINO DE MOURA[1]

Raimundo Antonio de Souza Lopes (Ray Lopes)[2]



Em nome da presidenta da ALAM, imortal Taniamá Barreto, eu quero saudar as autoridades que compõem o dispositivo. Da mesma forma, em nome dos imortais Elder Heronildes e Wellington Barreto, presidentes das Academias AMOL e ACJUS, respectivamente, saúdo os acadêmicos e as autoridades aqui presentes. E em nome das escritoras Ângela Gurgel, Josselene Marques e Vanda Jacinto (integrantes do grupo Café & Poesia da cidade de Mossoró), os convidados da Academia e, também, do empresário João Sabino de Moura.

Senhoras e senhores,

João Sabino de Moura é um nordestino, nascido nos recônditos do oeste potiguar e microrregião do Vale do Açu, no sítio São José, na comunidade de Capim Grosso, distante dezoito quilômetros da cidade de São Rafael, no dia 07 de março de 1944. Seus pais, Manoel Sabino de Moura e Francisca Cavalcante de Moura, foram o seu maior exemplo de perseverança, obstinação e capacidade de superação. Costuma dizer, até hoje, que o pai era o homem mais cheiroso do mundo. E que no dia que ganhava um “xero” dele ou dava um “xero” nele tornava o seu dia o dia mais feliz.

O quarto de uma prole de 8 filhos, ele nasceu em meio a uma grande tempestade – que quase levou o pequeno açude da família – e ao sofrimento de sua genitora que, além das dores naturais de um parto, teve que suportar dores extras, ocasionadas por um panarício na mão esquerda. Embora as adversidades tenham sido inúmeras, nasceu com saúde e, especificamente, num ano de fartura para os Sabinos de Moura. Fartura é modo de dizer, pois a subsistência não passava de um escaldado de farinha e/ou um punhado de batatas. Feijão, arroz e milho, aqui e acolá.

É dele uma das frases mais impactantes que eu já li na minha vida, e que, de certa forma, traduz todo o panorama vivido, por ele e seus irmãos, nas décadas de 40 e 50:

“Todo dia nós passávamos fome; porém, nem passávamos de mais nem de menos, pois mamãe sabia administrar os parcos recursos alimentícios que tínhamos para todo o mês e, assim, todo santo dia era a mesma quantidade do dia anterior”.

Com quase 3 meses de vida empreendeu a sua primeira viagem: 64 quilômetros em uma tipoia para ser batizado na cidade de Lajes. Entre a ida e a volta, mais de 120 quilômetros balançando lateralmente no dorso do jumento que levava sua genitora na sela. Uma aventura!

É assim que começa a vida de João Sabino de Moura. Um menino que desde cedo driblou as adversidades tendo como meta principal o estudo. Antes, porém, aos 5 anos já tinha como companheira a enxada, para puxar cobra para os pés e, aos 6 anos, pela primeira vez, frequentou uma sala de aula por apenas um mês. É dele a seguinte frase:

“Eu tinha tanta vontade de aprender a ler e a escrever que, nesses 30 dias, eu aprendi a carta de ABC todinha!”

Porém, nesse meio tempo, viveu a dureza de um lugar do semiárido nordestino, onde as dificuldades eram enfrentadas pelas singularidades de cada família – cada uma delas com seus princípios morais e éticos. Somente aos 6 anos de idade calçou, pela primeira vez, uma chinela, feita de borracha de pneu de caminhão e arreatas de couro.

Aos 8 anos, sem conhecer os caminhos além da cidade de São Rafael, juntamente com dois irmãos menores e um tio, tangendo 100 cabeças de criações, veio bater no sítio Poço do Meio, na época município de Mossoró-RN.

Ainda menino, o espírito empreendedor passou a fazer parte de sua vida. E, por passar a fazer parte, tudo era motivo para perseverar em suas metas. Aos poucos foi conseguindo explorar: dos carros de madeira (feitos para passar dentro dos atoleiros, tendo como passageiros os irmãos menores – em troca de uma colher de feijão, a metade do escaldado e/ou um pedaço de galinha, quando tinha), ao fósforo comprado na feira para revender na sua comunidade, até o serviço de apanhador de madeira e, depois, de lenhador configuraram-se em metas traçadas que foram sendo cumpridas, uma a uma, no decorrer da vida do menino e adolescente João Sabino de Moura.

Embora fosse difícil de conseguir, a parte que tratava dos estudos nunca foi deixada de lado. Das primeiras lições dadas por sua mãe, com ajuda de cadernos feitos com sacos de cimento, recortados e costurados por ela, até a compra de um livro que lhe custou 80 dias de trabalho, a leitura e o conhecimento sempre foram uma constante em sua vida. Quando, em 1958, a família se mudou para Mossoró, a Escola Ambulatório Padre Dehon foi a primeira escola formal de sua vida.

“Eu sempre tive muito respeito por meus professores, principalmente, por aqueles que se dedicavam. Esses, eu admirava verdadeiramente, pois percebia, no dia a dia de cada um deles, o amor sendo o seu companheiro de trabalho, disse certa vez.”

Ali ele conheceu pessoas que foram decisivas em sua vida, dentre elas, os padres Joaquim Alfredo Simonetti e Sátiro Cavalcanti Dantas. O padre Alfredo foi quem, percebendo uma dificuldade na fala de João Sabino – que tinha a gagueira como companheira –, adotou um método para que ele deixasse essa incômoda amiga de lado, segundo suas próprias palavras:

“O meu grande incentivador e quem realmente conseguiu fazer com que eu deixasse essa deficiência de lado, sem sombra de dúvidas, foi o padre Joaquim Alfredo Simonetti. Quando eu fui estudar na Escola Estadual Padre Dehon e ele chegou por lá, vendo que eu tinha essa carência no falar, passou a me ajudar, colocando-me para ler as mensagens diárias e, aos domingos, na missa, a primeira e a segunda leituras”.

Das profissões exercidas, no período de 1958 a 1969, as de botador de água em galões e roladeira, quebrador de pedras, vendedor de ovos caipiras, servente de pedreiro, pedreiro e comerciante na “peda do mercado” foram alguns dos ofícios que ele tem orgulho de haver exercido. Especialmente, da “peda do mercado”, ele traz uma bela história para contar:

O ano foi o de 1967 e João Sabino não perdia uma ocasião para ganhar dinheiro. Segundo o seu lema, se tinha gente na rua, tinha gente querendo comprar alguma coisa. E o que ele tinha para vender era sopa. Por isso, numa dessas noites em que o vai e vem de gente prometia, ele soube que no Clube Ypiranga ia haver uma apresentação do Coronel Ludugero, Otrópe e Filomena.

“Como o movimento estava grande, desde cedo da tarde, eu botei uma panela de sopa com um osso grande dentro para cozinhar e, à medida que iam saindo os pratos de sopa, eu ia repondo com mais macarrão e os ingredientes necessários, porém, o pedaço de osso permanecia o mesmo. Assim, lá pelas duas da madrugada, horário em que acabou o movimento e as últimas pessoas retornando do show, passaram e comeram, eu já estava quase encerrando as atividades, quando vi a chegada dos três personagens do show: Coronel Ludugero, Otrópe e Filomena, perguntando se tinha alguma coisa para comer. Eu disse que tinha uma sopa. Então, eles pediram para botar três pratos. Eu fui na panela e, quando estava enchendo os pratos, olhei para o osso e percebi que ele já estava descolorido de tanto levar fogo. Mesmo assim, terminei de aprontar os pratos e botei para os clientes. Eles comeram e, para o meu espanto, o coronel Ludugero saiu-se com essa:

– Ô sopa gostosa!”

João Sabino conta que não se admirou com o comentário. Porém, creditou a frase “ô sopa gostosa” à fome que o famoso personagem estava sentindo e completou:

“Ela deveria ser maior que a necessidade que eu tinha de ganhar dinheiro para sustentar a minha família”.

Na escola, a União Caixeiral foi um marco. De repente se viu Técnico em Contabilidade e não desperdiçou o seu certificado. Tornou-se, após vários anos de labuta, referência dentro da categoria e proprietário de um dos principais escritórios do gênero na cidade de Mossoró. A sua humildade e capacidade coletiva de se relacionar fez-lhe dizer:

“Na vida não se chega muito longe sozinho. Na minha vida, especialmente, muita gente contribuiu para que eu pudesse ir um pouco mais longe”.

Foi, depois, professor da própria União Caixeiral e, em seguida, professor universitário, diretor de faculdade (FACEM), não sem antes cursar a tão sonhada graduação em três faculdades (Economia, Administração e Ciências Contábeis). Certa vez disse:

“Ser professor me fez tão bem, deixava-me tão entrosado com a dinâmica da didática, e me completava tanto, que estar em sala de aula me permitia experimentar algo além da obrigação: permitia-me relaxar de um dia cansativo, cheio de problemas e de tensão que o escritório me proporcionava. Eu, hoje em dia, ainda sinto falta da sala de aula e do convívio com a multiplicidade de pessoas. Sempre que encontro ex-alunos e fico sabendo que são bem-sucedidos em suas vidas profissionais, eu constato, mais uma vez, a importância da vocação para ser professor”.

Recentemente, em 2015, João Sabino foi comprar um móvel para o seu apartamento. Depois de escolher o que queria, a dona da loja veio ao seu encontro e lhe confidenciou que havia sido sua aluna e lhe agradeceu pelos ensinamentos repassados. Retribuiu aos agradecimentos dizendo:

“O reconhecimento talvez seja o equilíbrio de que o professor precisa para continuar firme em seus propósitos de formar cidadãos, pois não tem nada no mundo que pague o prazer de um ‘muito obrigado, professor’, de quem recebeu seus ensinamentos”.

Depois de ter sido quase tudo, quis ser hoteleiro, e o é até hoje, sendo, inclusive, referência na área como o empreendedor mais bem-sucedido, sobretudo, na Região Oeste do estado. É dele a seguinte citação:

“[...] assim, toda semana, eu começava o projeto do hotel sem saber como ia chegar ao fim dela. E isso se estende até os dias de hoje. De modo que, até o momento, eu ainda não consegui administrar riquezas, mas, todos os dias, administro os meus propósitos com fé e esperança”.

Dono de uma verve humorística muito boa, João Sabino de Moura costuma dizer que “se o sol nascer na frente, então é dia de trabalho”, deixando claro que, nessas décadas todas de existência, nunca descansou da labuta diária. Ou como ele costuma dizer: “enquanto descanso, eu carrego um caminhão de pedra”.

Adepto dos conselhos, principalmente dos mais velhos, um deles, dito pelo tio e sogro de seu pai, é uma máxima que ele adapta aos novos tempos e às suas estratégias de empreendedor:

“O agricultor tem que fazer as vezes de doido: plantar antes de a chuva cair e esperar sua chegada para molhar a semente que plantou. Desta forma, quando chover, será o primeiro a ter molhado o seu plantio e o primeiro a colher o que plantou”.

Esse é o senhor João Sabino de Moura.

Muito obrigado!






[1] Solenidade ocorrida em 28 de maio de 2016, no salão nobre do Hotel Serrano, em Martins-RN.


[2] É imortal da Academia de Ciências Jurídicas e Sociais de Mossoró (ACJUS), ocupando a cadeira 07. É Escritor, Memorialista, Jornalista.

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

O LIVRO




Dra. Taniamá Vieira da Silva Barreto[1]






Disseram-me para escrever um livro. De pronto respondi que sim. Mas, fico a me indagar: - Que assuntos escrever em um livro? Literatura!? Ciência!? Ou sobre mim mesma!? Não sei!


Talvez, antes de qualquer coisa, eu tenha que encontrar nas leituras, subsídios para entender o sentido epistemológico da palavra “livro”. Ou então conversar sobre a história do livro.


- Ah! Entendi! Nem uma coisa nem outra; mas todas as possibilidades: leituras e diálogos com pessoas sobre a origem, a história e a produção do livro, pode ser a saída.


Eis o caminho para entender o seu significado!


Mas, seriam os “Livros papéis pintados com tinta”, como afirmou Fernando Pessoa?


Certamente que sim! As letras e pontuações representam as pinturas, que dão forma às mensagens idealizadas pelos escritores.


Mas, apenas essas idealizações me bastariam para o claro entendimento do significado do livro?


- Não! Isto não! Quero entendê-lo não apenas em seu sentido epistemológico; mas, voar nas asas da imaginação e ampliar sua significação, até onde minha criatividade possa ir.


Vocês concordam comigo?


Concordam que, sabendo o significado da palavra “livro”, sua origem e sua história, saberei o que escrever; como escrever e como organizá-lo?


– Na minha compreensão precisamos apenas saber e sermos criativos, voar para outros horizontes e viajar para dentro de si mesma, arrancando das entranhas o significado dessa viagem.


É na produção de um livro que encontramos a motivação para descobrir o significado das coisas que buscamos. É nele e com ele que nos aventuramos em viagens imaginárias, instigando a grandes emoções e infinitas descobertas, sentindo-nos, ao mesmo tempo sós e em meio a uma multidão, mesmo estando num deserto!


Aliás, como afirmou Mário Quintana, em “Dupla delícia”, “O livro traz a vantagem podermos estar só e ao mesmo tempo acompanhado.” “...”. Isto me faz entender que os livros, com seus enigmas e suas histórias, têm a capacidade de mudar as pessoas.


Contudo, este, representa apenas um dos vários passos para a provocação do despertar da consciência sobre o significado da produção do livro!


É o óbvio! O possível de ser dito.


O livro é letra. É marca.


Mas ainda indago: Onde fica o significado da estética do livro? É preciso que nos preocupemos com o arranjo do texto nas “páginas”, das imagens e o conteúdo que ele transmite, com suas ilustrações e ideias, indo além do papel.


O livro com suas letras, suas imagens e sua cartografia rompe o silêncio da ignorância para despertar a vida do conhecimento, na reviravolta do significado da história das idéias e das coisas. Vira e revira os fatos e em seus mais variados sentimentos.


Machado de Assis, em sua produção “Livros e flores”, fala-nos sobre a sensibilidade amorosa pelo livro produzida e nos instiga a idealizá-lo como o produto de uma semente que germina conhecimento e vagueia pelas mãos e olhos dos degustadores de palavras, que dão vida ao livro com sua leitura.


Na sôfrega degustação das palavras o leitor viaja amorosamente entre as páginas do livro, no desnudamento das letras. Aliás, como afirma Clarice Pacheco, é preciso experimentar, para saber o sentimento que é:


Viajar pela leitura


Sem rumo, sem intenção.


Só para viver a aventura


Que é ter um livro nas mãos.


Mas, uma curiosidade me aflora a mente: - Seria do nosso interesse desvendar os fatos históricos que permeiam o livro?


- Acho que não, pois este aspecto do tema livro, facilmente pode ser encontrado nos registros dos livros já expostos nas livrarias, casas de revistas, sites da internet etc.


Ao contrário, quero penetrar profundamente na minha criatividade e escrever algo motivacional para um leitor virtual que pode ser eu ou você ...!


O livro, meu amigo, precisa satisfazer as necessidades do leitor! Cumprir determinadas tarefas!


Dialogar com respostas à perguntas inseridas em determinados contextos sociais e culturais à luz dos interesses dos leitores virtuais. Tem que satisfazer a todos os gostos! Tornar útil o inútil! “...” Poetizar o não politizável! Dizer bonito o impossível de ser dito.


Escrever no livro, simplesmente, o que é.















[1] Primeira ocupante da Cadeira 01 da Academia de Letras e Artes de Martins (ALAM), Cadeira 12 da Academia Feminina de Letras e Artes Mossoroense (AFLAM), Cadeira 03 da Academia de Ciências Jurídicas e Sociais de Mossoró (ACJUS) e Cadeira 57 do Conselho Internacional dos Acadêmicos de Ciências, Letras e Artes (CONINTER)

terça-feira, 2 de agosto de 2016

OS ELOGIOS DA ALAM


ACADEMIA DE LETRAS E ARTES DE MARTINS EM AÇÃO

A vida acadêmica dos integrantes da Academia de letras e arte é cada vez mais produtiva.

OS ELOGIOS

Já proferiram suas orações de elogios aos patronos das suas cadeiras os seguintes imortais primeiros ocupantes das cadeiras.

Dr Clóvis, ocupante da cadeira 05, no dia 08 de Novembro de 2014, elogiou Elizeu Ventania.

No dia 03 de janeiro de 2016, a Professora Dalva (cadeira 07) e a Dra Taniamá (cadeira 01) proferiram suas orações de elogios às patronesses, respectivamente, Dona Chiquinha Tabita e Profa. Alexandrina.

Chico Filho, em 23 de janeiro de 2016, proporcionou-nos uma tarde agradável de muita sabedoria, elogiando o Dr. Raimundo Nonato.

No dia 28 de maio de 2016 foi a vez do Confrade João Sabino, ocupante da Cadeira 02, proferir o elogio ao Pe. Alfredo Simonetti.