segunda-feira, 15 de agosto de 2016

O LIVRO




Dra. Taniamá Vieira da Silva Barreto[1]






Disseram-me para escrever um livro. De pronto respondi que sim. Mas, fico a me indagar: - Que assuntos escrever em um livro? Literatura!? Ciência!? Ou sobre mim mesma!? Não sei!


Talvez, antes de qualquer coisa, eu tenha que encontrar nas leituras, subsídios para entender o sentido epistemológico da palavra “livro”. Ou então conversar sobre a história do livro.


- Ah! Entendi! Nem uma coisa nem outra; mas todas as possibilidades: leituras e diálogos com pessoas sobre a origem, a história e a produção do livro, pode ser a saída.


Eis o caminho para entender o seu significado!


Mas, seriam os “Livros papéis pintados com tinta”, como afirmou Fernando Pessoa?


Certamente que sim! As letras e pontuações representam as pinturas, que dão forma às mensagens idealizadas pelos escritores.


Mas, apenas essas idealizações me bastariam para o claro entendimento do significado do livro?


- Não! Isto não! Quero entendê-lo não apenas em seu sentido epistemológico; mas, voar nas asas da imaginação e ampliar sua significação, até onde minha criatividade possa ir.


Vocês concordam comigo?


Concordam que, sabendo o significado da palavra “livro”, sua origem e sua história, saberei o que escrever; como escrever e como organizá-lo?


– Na minha compreensão precisamos apenas saber e sermos criativos, voar para outros horizontes e viajar para dentro de si mesma, arrancando das entranhas o significado dessa viagem.


É na produção de um livro que encontramos a motivação para descobrir o significado das coisas que buscamos. É nele e com ele que nos aventuramos em viagens imaginárias, instigando a grandes emoções e infinitas descobertas, sentindo-nos, ao mesmo tempo sós e em meio a uma multidão, mesmo estando num deserto!


Aliás, como afirmou Mário Quintana, em “Dupla delícia”, “O livro traz a vantagem podermos estar só e ao mesmo tempo acompanhado.” “...”. Isto me faz entender que os livros, com seus enigmas e suas histórias, têm a capacidade de mudar as pessoas.


Contudo, este, representa apenas um dos vários passos para a provocação do despertar da consciência sobre o significado da produção do livro!


É o óbvio! O possível de ser dito.


O livro é letra. É marca.


Mas ainda indago: Onde fica o significado da estética do livro? É preciso que nos preocupemos com o arranjo do texto nas “páginas”, das imagens e o conteúdo que ele transmite, com suas ilustrações e ideias, indo além do papel.


O livro com suas letras, suas imagens e sua cartografia rompe o silêncio da ignorância para despertar a vida do conhecimento, na reviravolta do significado da história das idéias e das coisas. Vira e revira os fatos e em seus mais variados sentimentos.


Machado de Assis, em sua produção “Livros e flores”, fala-nos sobre a sensibilidade amorosa pelo livro produzida e nos instiga a idealizá-lo como o produto de uma semente que germina conhecimento e vagueia pelas mãos e olhos dos degustadores de palavras, que dão vida ao livro com sua leitura.


Na sôfrega degustação das palavras o leitor viaja amorosamente entre as páginas do livro, no desnudamento das letras. Aliás, como afirma Clarice Pacheco, é preciso experimentar, para saber o sentimento que é:


Viajar pela leitura


Sem rumo, sem intenção.


Só para viver a aventura


Que é ter um livro nas mãos.


Mas, uma curiosidade me aflora a mente: - Seria do nosso interesse desvendar os fatos históricos que permeiam o livro?


- Acho que não, pois este aspecto do tema livro, facilmente pode ser encontrado nos registros dos livros já expostos nas livrarias, casas de revistas, sites da internet etc.


Ao contrário, quero penetrar profundamente na minha criatividade e escrever algo motivacional para um leitor virtual que pode ser eu ou você ...!


O livro, meu amigo, precisa satisfazer as necessidades do leitor! Cumprir determinadas tarefas!


Dialogar com respostas à perguntas inseridas em determinados contextos sociais e culturais à luz dos interesses dos leitores virtuais. Tem que satisfazer a todos os gostos! Tornar útil o inútil! “...” Poetizar o não politizável! Dizer bonito o impossível de ser dito.


Escrever no livro, simplesmente, o que é.















[1] Primeira ocupante da Cadeira 01 da Academia de Letras e Artes de Martins (ALAM), Cadeira 12 da Academia Feminina de Letras e Artes Mossoroense (AFLAM), Cadeira 03 da Academia de Ciências Jurídicas e Sociais de Mossoró (ACJUS) e Cadeira 57 do Conselho Internacional dos Acadêmicos de Ciências, Letras e Artes (CONINTER)

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