Uma hora do dia 16 de agosto de 2014, Dia do Filósofo que, acima das paixões, questiona e pensa racionalmente sobre o significado do saber e da ciência.
O dia já para amanhecer e eu ainda de frente o notebook, procurando obter inspiração para dizer no papel o que sinto e penso sobre minha condição de estar no mundo, interagindo com os vários significados que os fenômenos me possibilitam entender; ou, pelo menos, me possibilitam tentar entender.
Não que eu consiga perceber em tudo que vejo o seu significado. Isso não! Bem porque, por mais que tente, a pequenez dos meus sentidos boicota o meu caminhar e coloca pedras nas frestas das janelas que enigmaticamente escurecem o saber e não me possibilitam avançar na construção do significado do que vejo e percebo.
- Não compreendo!
Então me decepciono comigo mesma e salto do campo da filosofia para o da poesia. Este sim me dá espaço para voar e quebrar as barreiras da comunicação com o significado da vida.
Poetizo porque o linguajar poético é menos rigoroso do que o filosófico.
Construo o discurso poético porque nele sou capaz de mergulhar nas águas turvas da vida e me embriagar com a lama que desagua do meu peito e me inebria como se fosse águas cristalinas do rio doce aonde a poluição ainda não chegou.
Consigo saborear o néctar das flores, mesmo sendo elas nascidas no deserto árido da minha imaginação.
Ultrapasso o significado da razão e vou tangenciando os resquícios de migalhas que escoam do canto da boca do cão faminto ao relento do lixo social que ainda deixa a vida brotar.
Saio do campo dos sentidos para o dos devaneios e mergulho sofregamente no sabor do significado que só a mim compete entender.
É neste que me deleito e me refugio.
É neste que me sinto com sentido.
É neste que finco o meu próprio caminho sem sentido.
E fico. E digo:
Meu pensamento vai longe
Minha lembrança constrange
Minha imaginação vagueia
Minha criatividade enredeia.
Não sei se pra escrita
Ou se só na memória fica
Mas uma coisa me conforta
O registo a mim só importa
Questiono sobre o que sou
Indago sobre a ética
Busco compreender quem fui
Devaneio sobre o que serei
Não me desvio do abrigo
Mas devaneio no que digo
Se entendo o que me entedia
Me liberto do que me angustia.
Saio procurando o caminho
Descobrir o que não vejo
Entender o que não vivo
Reaprender o mundo não escrito.
As marcas da vida que não se vê
Só é descoberta aos cegos
Que mesmo sem ter visão
Sente, vê e entende com o coração.
Da Poetisa e Pensadora Dra. Taniamá Vieira da Silva Barreto.
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