sábado, 30 de julho de 2016

Oração de Elogio ao Patrono da Cadeira 05 da Academia de Letras e Artes de Martins - ALAM

ELIZEU VENTANIA
Por Antônio Clóvis Vieira[1]
APRESENTAÇÃO
 


Não tenho caminho novo. O que tenho de novo é o jeito de caminhar. (Thiago de Melo)
O significado da ciência não pode estar dissociado da criatividade assim como as condições intelectuais de integrar uma instituição que se compromete com o desenvolvimento da cultura e da produção do conhecimento, como é o caso da Academia de Letras e Artes de Martins - ALAM.
Neste sentido, na qualidade de Cordelista, Pesquisador e Advogado martinense, entendo que é meu dever homenagear a pessoas que contribuíram para a historia social e política de Martins alicerçada, não só no resgate das minhas memórias, mas no significado das fontes das informações sobre Elizeu Ventania, aproximando-nos o máximo possível do caráter histórico documental sobre o perfil pessoal e profissional da vida do Homenageado.
Na certeza de que o compromisso assumido tem credibilidade exponho informações niveladas ao nível de qualidade do homenageado, cujos valores éticos foram praticados, com base em relações humanas e duradouras, engajadas no sentimento profundo vindo do coração poético. Tudo conjuga com a essência de Elizeu Ventania, quando diz:
O povo diz que cada uma criatura
Tem uma estrela que ilumina seu viver
Já sei que a minha não acende está escura
E se acende, está distante, não me vê
Eu não conheço o que é felicidade
A humanidade escurece meu valor
Vivo rompendo a maior dificuldade
Ninguém no mundo da um passo em meu favor.

A minha estrela toda vida é apagada
Tudo no mundo é difícil para mim
Prá onde olho vejo espinho em minha estrada
Não sei por que o grande deus me fez assim
Se é verdade que existe a minha estrela
Há muito tempo pra o meu lado escurecer
Se há fortuna eu não pude recebê-la
Não há quem seja sofredor mais do que eu.

Feliz quem nasce numa estrela reluzente
Arranja tudo que quizer, sem se vexar
Pra onde olha vê fortuna em sua frente
A sua estrela lhe ajuda a melhorar
Porém a minha se existe é apagada
Por isto mesmo, é que estou sofrendo assim.
Quem tem meu signo é infeliz, não goza nada
Felicidade nem se fala para mim.

Existe gente que me diz que o tempo muda
Mas o meu tempo até hoje não mudou
A minha estrela é apagada, não me ajuda
Às vezes penso que Jesus me abandonou
Eu vou agora esperar que o tempo mude
Pra ver se é certo o que sempre o povo diz
Talvez um dia a minha estrela me ajude
E eu ainda seja um ente bem feliz.

Assim é que conto em sextilha cordel um pouco da história de vida do grande cancioneiro Elizeu Ventania:
Eu pretendo nestes versos
Também homenagear
O nosso rei das canções
É dele que vou falar,
Grande Elizeu Ventania
Cancioneiro exemplar.

Da Cidade de Martins
Donde ele é natural
Seu pai se chama Eustáquio
Visão dimensional
A sua mãe Conceição
Uma mulher sem igual.

Ele tinha três irmãos
Um se chamava Agostinho,
O mais novo era José,
Nascido do mesmo ninho
Sem esquecer que Jocosa
Cuidou com todo carinho.

Com João Liberalino
Em dupla cantavam bem,
Trovando em pé de parede
Não perdiam pra ninguém
Nota de improvisação
Em vez de dez era cem.

Foram quarenta e dois anos
Que empunhou o violão,
Com dezoito de idade
Fazia bela canção
Com o seu estilo próprio
Para comunicação.

Cantou em vários programas
Da emissora Rural,
Tapuyo e libertadora,
E Cabugí de Natal
Do Rio Grande do Norte
Capital Espacial.

Ganhou fama em Mossoró
Quando entrou na Difusora,
Na Rural de Caicó
Cidade acolhedora,
Na Clube do Ceará,
Terra bela e promissora.

Foi na TV brasileira
Que Elizeu cantou bem,
Na antiga Verdes Mares
Ele improvisou também,
E na TV Ponta Negra
Cantou igual um vem-vem.

No Vale do Jaguaribe
Cantou na Educadora,
Também na Rádio Progresso
Uma grande emissora,
La da Cidade de Russas
Região conservadora.

Vivia fazendo amigos
Por todas as regiões,
Participou de eventos
Que atingiu dimensões,
Por isso ganhou o titulo
“Elizeu rei das canções”.

Cantando ele defendia
O nosso trabalhador,
Foi Elizeu Ventania
Um Ilustre cantador,
Que cantou a folha seca
Com o perfume da flor.

Cantou com muito sucesso
Invernada no Sertão,
Porque todo agricultor
Adora de coração
A chuva que cai na terra
Criando a vegetação.

Elizeu gravou dois discos
Os quais o povo agradece,
Folheto, CD e fita,
Quem gosta não se esquece
A Cidade de Martins
Seu talento reconhece.

O Brasil todo conhece
Seu nome imortalizado
E o Nordeste também
Quem mais lhe fez convidado,
Até pelos acadêmicos
É ele homenageado.

Todo Brasil reconhece
Sua bela melodia,
Seja ritmo de canção
Ou estilo cantoria,
Seus versos improvisados
E o encanto da poesia.
Elizeu com sua voz
Se destacou dos demais,
Chegou a participar
Dos maiores festivais,
Com folha seca ganhou
Fama dinheiro e cartaz.

Martins reconhece e zela
O nome desse poeta
Que cantou e encantou
Igualmente a um profeta,
Entrou para a Academia
Uma atitude correta.

Elizeu meu bom poeta
Quando gravaste o LP,
Mossoró lhe apoiou
A razão digo porque
Fizeram até uma estátua
Em homenagem a você.

Finalizo e agradeço
A todos os bons leitores,
A Elizeu ventania,
E poetas escritores
Que valorizam a cultura
E os seus bons seguidores.

Como eu sou Advogado
Eu conheço muito bem
A lei que dá o direito
Que todo cidadão tem,
Por isso dou um conselho
Vá atrás do seu também.

Colegas da OAB
E leitores em geral,
Observe esse meu verso
Visivelmente ideal
Improvisar é preciso
Sabedoria informal

CONSOLIDANDO
Elizeu Elias da Silva, nascido no sitio Jacu, no município de Martins em 20 de julho de 1924, veio a falecer em Mossoró, aos 74 anos, em 99 de outubro de 1998.

Desde criança se identificou com a música e aos 18 anos percebendo sua vocação, decidiu fazer da cantoria o seu ganha-pão, influenciado por outros violeiros. De início, pensou em se chamar Elizeu Serrania para homenagear a cidade de Martins, mas descobriu que já havia artista com o mesmo nome e então, optou por Ventania.
Aos 18 anos seguiu para Fortaleza onde, com a convivência com outros violeiros se aprimorou na arte da cantoria e iniciou sua trajetória artística. Durante anos, viveu apenas das canções, do repente e da viola, viajou todo o Nordeste, Norte e Sul do País fazendo cantorias e com outros cantadores, entre eles João Liberalino com quem formou uma das mais famosas duplas de toda a região. Juntos eles foram para o rádio com o programa Rimas e Violeiros, sucesso por mais de vinte anos e companheiro com quem gravou o LP O Nascimento de Jesus em 1972.
Em 1971, Elizeu já havia gravado seu LP. “Canções de Amor”.
Em 1979 gravou o terceiro e último disco “Chorando ao Pé da Cruz”, pela Continental vendendo 40 mil cópias. 
Apesar de ser analfabeto, isso nunca o atrapalhou. Ele costumava declamar os seus versos até decorá-los. Depois com o uso de um gravador, as letras eram transcritas por amigos e familiares. 
Com os anos, seu trabalho foi ficando mais difícil. Aos 60 anos ficou cego vitimado pela catarata irremediável diante da falta de condições de pagar um caro tratamento. 
Nos seus últimos anos de vida, Elizeu era figura urbana, conhecido por sua banca ao lado do mercado público central, onde cantava as músicas e vendia fitas cassete com as gravações. Ele calculava ter vendido mais de 100 mil fitas
cassetes. 
Pouco tempo depois, nos últimos dois anos de vida, Elizeu Ventania já não estava mais gravando e vivia da ajuda financeira dos filhos. Nessa época o cancioneiro já não vivia mais com a mulher legítima, Francisca Limeira Sales, há mais de quinze anos. Toda a doença foi acompanhada de perto por sua companheira Benedita Neuma Sena, com quem conviveu os últimos vinte anos de vida.
O cancioneiro teve ao todo oito filhos. Em 19 de outubro de 1998 ele faleceu após uma parada cardiovascular no Hospital Regional Tarcísio Maia (HRTM), em Mossoró-RN, oriundo de um enfisema pulmonar e depois de quinze dias de internação na UTI. Deixou mais de 200 composições inéditas e uma trajetória a ser recordada pelos cantadores de todas as gerações.

Encerrando, quero expressar minhas homenagens e agradecimentos a todos que direta ou indiretamente contribuíram para que este Documento fosse elaborado.

Tenho a crença de que o sonho é possível sonhar e se indagar sobre a vida. Tenho convicções de que:
Juntei a carcaça da lembrança
Busquei o que não mais encontrava
Percebi que muito ainda buscava
Muito pra ser feito e aprendido
Para encontrar o perdido
Com amor e fraterna esperança.

Aprendi que a coragem não é ausência do medo, mas o triunfo sobre ele. (Nelson Mandela) 

O PRIMEIRO OCUPANTE DA CADEIRA 05: ANTÔNIO CLÓVIS VIEIRA
OAB/RN – 6.450 / OAB/CE – 30.140
Endereço: R. Maria Perdigão, 21, Ind. II, CEP 59.600-000
Telefones: (84) 9451-1029 – (84) 8827 – 6939

E-mail: clovis_2001@hotmail.com

Meu jeito de caminhar.
Confunde-se com as ondas,
Que vão e veem sem avisar,
Construindo ideias cândidas.
Novas ilusões! Novos ventos!

 MINHA CAMINHADA

Mestre em Formação Educacional, Interdisciplinaridade e Subjetividade, Advogado, Professor Licenciado em Matemática e Técnico da CAERN; mas, acima de tudo, cidadão que se preocupa com a ética e a qualidade de vida, fazendo da poesia cordelística o instrumento de expressão dos meus sentimentos; seja no cotidiano pessoal de vida, seja atuando como professor.
Martinense de nascimento; mas mossoroense de cidadania e de coração, pisei no solo de Mossoró em 1970, aos 06 anos de idade, de onde não mais sai. Aqui integrei os trabalhos de evangelização Social de Padre Guido, na Paróquia de São José, quando jovem, estudei, casei, com Maria da Saúde Torres, tive 03 filhos e hoje sou avô de uma neta.
Graduei-me em Matemática pela Universidade Regional do Rio Grande do Norte e Bacharel em Direito pela Faculdade Mater Christi, onde atuei como professor; sendo hoje professor da Educação Básica, na rede municipal de ensino de Mossoró.
Ainda enquanto estudante da UERN fui estagiário do Projeto Universidade X Prefeituras, onde fui instrutor nos cursos de formação dos professores leigos, com a disciplina Metodologias Alternativas no Ensino da Matemática.
Na minha profissão de advogado autônomo há 08 anos procuro contribuir para a melhoria das condições de vida dos idosos, jovens e pessoas deficientes, atuando em defesa dos seus direitos, estando hoje com milhares de ações nos Estado do Rio Grande do Norte e no Ceara.
Desde a infância sou afeto à criatividade e à descoberta do significado da literatura para a vida das pessoas.
Na qualidade de escritor e cordelista são várias a minha produção: 15 Cordéis e 01 livro “Lembranças e Rimas”.
Os cordéis são: O Advogado Humilde e o Morador de Rua, Entre o Amor e a Razão, História de Elizeu Ventania, Lembrando os Tempos de Outrora, A Burra do Mentiroso, Achado não é Roubado, As Mulheres que Botaram uma Onça para Correr, Caçada Implacável, Canário, Piaba e Valente, Ciladas do Destino, Chico Filho: Exemplo de Superação, Lamentos de um Torcedor, Desafio em Cordel, Lamentos de um Advogado.
Entre as pesquisas realizadas destacam-se: (1) Cabimento do Mandado de Segurança na Justiça do Trabalho e Execução Provisória na Justiça do Trabalho e (2) Contribuição Social do Professor Leigo: Subjetividade e Práticas Pedagógicas Interdisciplinares.
Atuo como membro da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), do Sindicato dos Servidores Públicos de Mossoró (Sindserpumab), Associação dos Empregados da Caern (ASSEC) e Sindicato dos Distribuidores de Água (SINDAGUA).
Entre as atividades culturais integro as seguintes instituições:
a) Primeiro Ocupante da Cadeira 05 da Academia de Letras e Artes de Martins (ALAM), tendo como Patrono Elizeu Ventania;
b) Primeiro Ocupante da Cadeira 19 da Academia de Ciências Jurídicas e Sociais de Mossoró (ACJUS), cujo Patrono é Luiz Colombo Ferreira Pinto Neto;
c) Sócio Efetivo do Instituto Cultural do Oeste Potiguar (ICOP);
d) Sócio Efetivo da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço (SBEC); e,
e) Sócio Efetivo da Academia de Cordel de Mossoró.
Enquanto Assessor Jurídico alio-me aos munícipes pela conquista da efetividade das políticas públicas como patrimônio inalienável dos cidadãos, tendo na Lei Orgânica Municipal e no Plano de Cargos e Salários os maiores instrumentos para tais conquistas.
Por estes registros, entendo, está ai o motivo maior do meu ingresso na Academia de Ciências Jurídicas e Sociais de Mossoró, a qual tem grande contribuição para o meu caminhar no aperfeiçoamento na produção científica no que tange o Cabimento do Mandado de Segurança na Justiça do Trabalho e Execução Provisória na Justiça do Trabalho e a Contribuição Social do Professor. Bem porque:
Entendo que o advogado
Não é o que todos pensa,
Defender quem tá errado
A profissão é propensa
Mas nem para Advogado
Um crime jamais compensa!

Dr. Clóvis



[1] Elogio proferido em 08 de Novembro de 2014, no salão nobre do Hotel Serrano.

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