sexta-feira, 6 de junho de 2014

Discurso de Marcos Pinto.



CONFERÊNCIA PROFERIDA EM MARTINS-RN COM O TEMA: SER ACADÊMICO - A IMORTALIDADE E SEUS COMPROMISSOS, Por Marcos Pinto, em 14.03.2014

As veneradas e venerandas páginas da história Martinense amalgamam as tintas airosas da vanguarda cultural, emblematizadas por este solene evento em que é criada e instalada a ACADEMIA DE LETRAS E ARTES DE MARTINS - ALAM, destacando-se o fato de configurar-se como sendo a terceira Academia de Letras da região Oeste Potiguar.

No Brasil, com a proliferação de entidades literárias, muitas cidades não reuniam literatos em número suficiente para que viessem a justificar a fundação de um "silogeu". Vieram, assim, as Academias "mistas": de "letras e artes" (em tese, todo "artista" pode ser membro); de "letras e música", etc. Muitas cidades têm na sua Academia o órgão literário máximo, no qual reúnem-se os expoentes locais, numa extensa lista. Como disse FILGUEIRAS LIMA, na Academia Cearense de Letras, por ocasião de sua posse: "Não devem ser as Academias Igrejinhas de maior âmbito em que o espírito de COTERIE possa manifesta-se mais ampla e desenvoltamente. O seu objetivo não é o mútuo turibular do incenso da lisonja. Não é o reciprocar permanente de elogios bajulatórios, nem a permuta oficial de láureas e títulos honoríficos. Reduzidas a essa função de instrumento de vaidade pessoal, transformar-se-iam, por certo, num entrave ao progresso das letras que essencialmente, lhes compete incrementar, ampliar, desenvolver e dirigir. Se não exerce influência na difusão das letras e na formação da sensibilidade estética do povo em geral, deixa de representar um órgão de vital importância no desenvolvimento histórico e cultural do município.

No processo de contextualização do Acadêmico, delineia-se a certeza de que traz consigo o ideal e o paradigma de ser e não apenas estar Imortal das letras. Traz incrustado em seu Modus Vivendi cultural a convicção e a certeza de que a Academia de Letras é o meio pelo qual os acadêmicos filiados assomam ao vasto referencial bibliográfico para imortalizar os seus trabalhos escritos, suas pinturas, esculturas, acervos arqueológicos e outros ícones representativos das artes cênicas.

IMORTALIDADE é a palavra mágica das Academias. O Instinto de conservação busca nesta ilusão de vida literária e artística uma compensação. É fato incontestável que todos nós Acadêmicos sentimos uma salutar manifestação de ufanismo recôndito por termos referenciais pomposos oriundos de apreciações de publicações literárias e expressões artísticas. Observa-se que o conceito de eternidade não se comporta dentro dos quadros estreitos e materiais da terrenalidade. O que é humano e terreno é também perecível e imperfeito. Ainda que a alma, partícula do divino, segundo Platão, seja a fonte da beleza literária e suas criações estéticas -Nem por isso podemos pensar numa Imortalidade adstrita ao conceito cronométrico, e não metafísico, de tempo....

A Academia de Letras está para o Imortal como a chuva está para a terra. O Imortal planta e a Academia de Letras faz com que essa planta se consolide, se fortaleça e se multiplique esse pensamento e o conhecimento estabelecido pelo autor em gerações posteriores, atingindo assim a imortalidade no proposto pelo escritor. "O monumentum aere perennius" (Ergui um monumento mais duradouro que o bronze "HORÁCIO), ainda que não tenha sido destruído após dois mil anos, e, antes, se nos apresente cada vez mais grandioso e mais sólido, por quanto tempo permanecerá de pé? Que representam os Séculos sem número do venusino genial diante dos séculos sem fim da eternidade? Nem o tempo apaga o efeito dos seus feitos.

Nesse contexto, temos a imortalidade emblematizada por ilustres Martinenses, garbosos e brilhantes no extenso rol da bibliografia potiguar: R. Nonato - "QUARTEIRÃO DA FOME"; Des. João Vicente - "PELA JUSTIÇA"; Des. Onofre Jr. - ESPÍRITO DE CLÃ"; François Silvestre - "RIO DE SANGUE"; Manoel Jácome de Lima (Prof. Dubas) - "MARTINS"; Cosme Lemos - A POESIA NA ESCOLA.

É importante lembrar da imprescindível diversidade de vocações, aptidões e dons apresentados nas Academias de Letras. São médicos, engenheiros, jornalistas, advogados, Professores, Teólogos, empresários, poetas, pensadorers, cronistas, contistas, profissionais liberais dos mais diversos, entre tantos outros. Sem discriminação, sem ordem de importância, pois todos o são. Somos tijolos de uma mesma parede. Imortais que são vulcões do saber e hábeis na forma das  erupções dos seus conhecimentos e materialização na mente das pessoas. É esta riqueza de conhecimento e troca de experiência entre os Confrades e Confreiras que faz crescer o nível de uma instituição e lhe traz o título de "LUZ DO CONHECIMENTO", "FONTE DE SABEDORIA" e demais elogios cabíveis, dada a sua participação na esfera do crescimento mental e intelectual do ser humano, no âmbito de sua atuação e na geografia geral que possa atingir.

O IMORTAL E A LEALDADE AO COMPROMISSO.

A maior ferramenta da vida de um ser humano é a palavra. Ninguém sobrevive sem ela. Seja em qualquer expressão possível. Nenhuma instituição, por mais rica que seja, pode desprezar ou desprestigiar a palavra pronunciada a um compromisso assumido. Resta a certeza de que os Imortais daACADEMIA DE LETRAS E ARTES DE MARTINS (ALAM)serão vitoriosos e felizes na consecução de suas metas, planos e objetivos propostos, e , na perpetuação de sua criação. Para essas nobres expressões acadêmicas, tem que ser um privilégio e  não um fardo o participar e integrar aquela que é maior instituição cultural do município de Martins. Constituem uma plêiade de figuras exponenciais na seara artística e cultural, num desfilar magnânimo de homens e mulheres forjados numa sequência titânica da fibra e do arrojo dos nossos ancestrais. Integrarão um grupo que deixará na história uma parte de seus  nobres ideais, mesmo à custa de qualquer sacrifício.

O Brasil tem 198 milhões de habitantes (Censo de 2012) e apenas cerca de outo mil fazem parte de uma Academia de Letras, das pouco mais de duzentas que temos no País. Portanto, é um grupo bem seleto de Imortais. Na Região Oeste Potiguar, Martins sobressai-se por compor a vanguarda cultural, destacando-se como a terceira Academia de Letras criada e instalada na região que o saudoso Raimundo Nonato batizou-a como A ZONA DO POR DO SOL. Certamente muitos a almejam. Mais do que uma simples inteligência, precisamos de afeição e doçura para com pessoas e instituições. Sem essas virtudes a vida será apenas um paralelo vislumbrado no horizonte da geografia humana.

A partir de hoje podemos afirmar de forma incisiva e tonitroante: MARTINS é realmente um culto à história das letras potiguares. MARTINS é uma cidade-vanguarda cultural.


PARABÉNS nobre povo Martinense. Muito obrigado.

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